quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A ditadura da moda


Acho terrível a combinação de uma blusa pela metade, chamada cropped, com uma saia um pouco acima da cintura. Não gosto de peplum. Óculos rosa com lente espelhada para mim parece fantasia de ET. E os sutiãs de tirinhas, o que falar deles? Além de desnecessário, não acrescenta absolutamente nada de bonito aos looks. Vestido colado no corpo onde se vê até a alma também não me agrada. Vai ver que se alguém fizer um estudo (se é que não já foi feito) para analisar pessoas que seguem tendências de moda e relacionar esses dados com atividades as quais essas pessoas dedicam seu tempo, e ainda comparar estatisticamente com a sua aparência física, provavelmente chegarão a conclusão de que a grande maioria só tem o corpo malhado para chamar a atenção do mundo, então é necessário mostrar de todas as formas, seja primavera, verão, outono ou inverno.

Para ninguém dizer que só critico roupas mini, também não gosto de saias midi baphonicas só porque é o que temos para a estação. Saias longas com uma fenda lateral também não faz um look ser deuso. Roupas com cores vibrantes, a exemplo do rosa choque ou verde limão, também não são muito atraentes para mim. Mistura de estampas é ridículo, nada harmônico, principalmente porque na temporada passada a moda era peças básicas e lisas. Agora todos têm que renovar o guarda-roupa já que a mistura de estampas está em alta. Como seguir a tendência se suas roupas não são estampadas? Hora de ir as compras! Com algumas semanas o nude vem com tudo e aí se pensa em reutilizar as peças basiquinhas novamente, mas o detalhe é que esta moda é para peças com formatos atípicos. Nada de decote V, regata, nada disso: é a era dos cortes assimétricos. E assim segue a ditadura: definindo, exigindo e perseguindo.

O mundo está de tal maneira que uma atriz foi vista repetindo um vestido que usou meses atrás em um evento, e esse fato gerou uma repercussão tão grande que me fez pensar: será que as pessoas não têm mais maquina de lavar em suas casas ou apenas as roupas agora estão sendo lançadas em formas descartáveis?

Um ciclo que muda 1% e exige dos seguidores a mudança de seus estilos até se adequarem a nova moda, para mim, é aberração. É esperteza de uma minoria, é um massacre coletivo à massa que trabalha dia e noite para pagar a fatura do cartão e liberar o limite para novas compras, e depois trabalham duas vezes mais para pagá-las. Inclusive, é penoso o suficiente saber que há pessoas que pagam 1000 reais em uma peça de roupa, apenas porque ela é de marca, e de preferencia que nela esteja bem visível o nome dessa marca. Ou seja, pagam caríssimo para fazer propaganda para uma empresa multibilionária que já lucra infinitamente as custas de seres assim, desprezíveis.

Não vivo despida. Compro, tenho gostos, preferências, mas esses vêm da minha vontade pessoal e não de terceiros que dizem o que é bonito, o que devo ou não usar e o que as lojas devem vender. Recentemente fui às compras em busca de uma blusa listrada de manga comprida e fiquei impressionada como praticamente não existia mais blusas abaixo do umbigo para vender.

Matérias do tipo "looks para se inspirar nesse São João", "como usar peplum?" ou "10 tendências para apostar no inverno 2015", já despertaram a minha curiosidade um dia, porém hoje é só algo desprezível, apenas isso. Não sou obrigada a seguir um padrão de uniformização de cérebros mortos que seguem em uma esteira de linha de produção fabril com uma alimentação doente e perversa por parte de uma indústria que só tem a ganhar investindo em meia dúzia de manequins prontas a serem o que for exigido constantemente, em troca de alguns trocados, alguns “presentes” e uma legião de seguidoras acéfalas.


Não sou obrigada.